A cineasta argentina Lucrecia Martel foi homenageada no 15º Festival Internacional de Cinema da Fronteira em Bagé. Martel, conhecida por sua aversão aos grandes festivais, sentiu-se à vontade no ambiente intimista do evento, destacando a qualidade das conversas sobre cinema em festivais menores.

Apesar de ser uma artista querida em Cannes e Veneza, Martel revelou sua aversão ao estresse do tapete vermelho e às interações com executivos, ressaltando a falta de interesse mútuo nas conversas. Durante sua estadia em Bagé, a diretora ministrou uma aula magna, visitou pontos culturais da cidade e interagiu com os moradores locais.

O ambiente de cidade fronteiriça não é estranho para Martel, que nasceu em Salta, na divisa com a Bolívia e o Chile, e utilizou essa região como cenário de seus primeiros filmes. Em suas obras, a cineasta aborda temas como dominação cultural, relação de classes e as desigualdades regionais na América Latina.

Seu filme "Zama", de 2017, mergulha no século 18 para explorar as origens do colonialismo na Argentina, enquanto seu trabalho mais recente, "Chocobar", é um documentário sobre o líder indígena Javier Chocobar, assassinado em 2009.