Neste ano, completam-se 136 anos da assinatura da Lei Áurea, que aboliu legalmente a escravidão no Brasil em 13 de maio. O grupo Ilú Obá de Min, formado por mulheres negras em 2004, realiza anualmente uma lavagem na rua que leva o nome da data, como forma de lembrar o acontecimento.

O ato simbólico também é um protesto contra a ideia de que a Lei Áurea resolveu todos os problemas da população negra no Brasil, questionando o protagonismo atribuído à princesa Isabel em detrimento das lideranças negras e da luta abolicionista.

O Ilú Obá de Min, conhecido por ser um dos maiores blocos afro do carnaval de São Paulo, tem como missão divulgar a cultura negra e fortalecer as mulheres negras. O nome do grupo, em Yorubá, significa "mãos femininas que tocam tambor para xangô".

Anualmente, as integrantes do grupo se reúnem na escadaria do Bixiga vestindo branco, onde tocam tambores, discursam, dançam e realizam a lavagem simbólica. Após o ritual, o grupo segue em cortejo pela rua 13 de Maio.

O Bixiga, atualmente conhecido pela presença da comunidade italiana em São Paulo, já abrigou a população negra, que chegava à região fugindo de leilões no vale do Anhangabaú e formava quilombos nas margens do rio Saracura, hoje canalizado.